sábado, 3 de dezembro de 2011

Os peixes também choram

Os homens choram pelos homens que se perderam no mar, mas não choram os peixes que matam.

Os homens choram os homens que matam e que morrem, mas não choram os animais que sofrem e morrem às mãos dos homens.

Os homens choram os filhos e os pais que morrem, mas não choram os filhos dos homens a quem matam.

Os peixes, os pássaros, os insectos, todos os homens sentem, choram, sofrem como eu, como tu, como qualquer eu ou qualquer nós. Porquê, então, há homens que só sentem a sua própria dor? Porque é que não conseguem sentir a dor dos outros seres, a ponto de ignorarem se têm fome, frio, sede e mesmo, tão mesmo, a ponto de os matarem?

Que ignóbil falta de inteligência esta no animal cuja pretensa principal característica distintiva é ser racional! Falta de inteligência que o leva (nos leva) a ter o contrário daquela que é a sua aspiração básica: ser feliz.

Que emoções nos traz a raiva? O desprezo? A altivez? O ódio?

Sim, eu sei que um arroz de marisco é uma refeição muito saborosa e que traz grande satisfação; o mesmo com um leitão da Bairrada, um entrecosto de porco preto. Satisfação que acaba mal a refeição pára. E depois há que repetir e de novo e de novo. Satisfação tão efémera. Não será melhor ser feliz 24 horas por dia ou as 16 em que estamos acordados?

E se em vez do filho do porco ou dos filhos dos camarões nos viessem buscar os nossos filhos para comer? Assim como se vão buscar para a guerra? O que sentiríamos? Como ficaríamos?

E se em vez do porco ou das amêijoas nos viessem buscar a nós? Gostaríamos? Não nos importaríamos? Não faria mal?

Sentirão os animais de forma diferente? Deverão ser merecedores de menos respeito? (Tal como os governantes acham que não faz mal os outros não terem casa ou comida, enquanto as suas próprias contas bancárias engordam e os senhores do mundo acham que não faz mal matar ou deixar morrer à fome os pretos, os árabes, os índios, os outros.)

Sem comentários:

Enviar um comentário